Sentir é uma dádiva

Me agarrei aos recursos que tinha disponíveis para lidar com uma velha amiga, que hora ou outra se distanciava mas que de tempos em tempos voltava para me visitar: A minha ansiedade.

Diferentemente das demais vezes, essa era a vez em que eu respiraria profundamente e por conta própria. E não me agarraria a nada além de mim mesma.
Mas, como amadora em lidar com temas talvez ligeiramente inexplorados, recorri à uma profissional. 
Pela foto de Mariana, eu logo entendi que ela traria leveza ao nosso momento de conversa.
Ao iniciarmos, sintetizei tudo o que pude de todas as questões que me invadiam e de como eu me sentia naquele inconstante looping de emoções.

- Não sei se você acredita nessas coisas, mas você veio pra mim agora como resposta do Universo a um pedido que fiz há menos de 1 hora - Ela mencionou na tela da vídeo chamada, para o meu choque.

- Eu? - Perguntei já com lágrimas escorrendo do meu rosto.

- Sim, você. Eu acredito na troca entre o médico e o paciente. E tenho muita dificuldade em sentir as coisas. Eu pedi ao Universo que me enviasse alguém que pudesse me fazer sentir. E ele me enviou você - Ela disse com os olhos marejados.

Olhei para baixo emocionada sem conseguir me conter. Eu estava inteiramente desarmada. 

Dentre tantas coisas que falamos - e as muitas que não pontuarei aqui por uma questão ética - as palavras de Mariana me alcançaram fundo.

- Sabe, Ju... sentir é uma dádiva. A gente só precisa confiar. Veja só... nem te conheço tão bem e normalmente não tenho esse tipo de ação durante uma consulta. Mas olho pra você e vejo uma pessoa iluminada. Você sente. E isso é lindo! - Ela acrescentou - Precisamos apenas lhe dar equilíbrio dentro de todos esses sentimentos.

Eu continuava atônita em perceber que o que eu considerava minha maior fraqueza, era o intenso desejo de alguém.