THERE'S NOTHING YOU CAN MAKE THAT CAN'T BE MADE.

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quinta-feira, 25 de junho de 2020

O próximo salto

Quando me perguntaram se eu tinha absoluta certeza do que eu estava fazendo naquele momento, a minha resposta foi não.
Pela primeira vez eu não queria cultivar certeza alguma. A certeza era a possibilidade de me decepcionar se eu acreditasse naquilo e fosse enganada pelas minhas próprias noções. Ou se, no meio do caminho, um de nós dois simplesmente mudasse completamente de ideia.
Não ter certeza significava que pela primeira vez, eu estaria entregue ao momento presente, sem tantos pesos, sem tantas expectativas, sem sofrer compulsivamente por não ter realizado algum sonho que desenvolveria naquele meio tempo.
Era como subir as pedras da última cachoeira onde estive, olhar para a água, reconhecer a altura de onde eu me via e pular de uma vez, sem pensar demais.
Foi o que eu fiz no dia 30 de dezembro de 2019, quando um dos meus amigos do litoral me sugeriu pular abruptamente na água gelada da nascente.
Minha coragem ofuscou o meu medo de altura e todo o receio que eu tinha de não conseguir voltar à superfície depois do mergulho se foi quando eu me vi capaz de me encarar, de encarar o que eu queria.
Aceitar o convite de ir até um lugar que eu não conhecia, apenas pela graça de viver algo diferente, foi uma forma breve do universo me contar que coisas como aquela aconteceriam em grande escala no ano seguinte.
No dia 30 de dezembro de 2019 eu pulei da montanha de pedras em direção à água.
No dia 31 de dezembro de 2019, eu comecei a subir uma outra montanha sem ter a menor ideia de que um dia, talvez, eu também quisesse pular.

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