Ela me olhava. O mesmo olhar terno que eu normalmente encontro na minha mãe.
Prestava atenção no que eu dizia e, como quem reconhecia em mim algo que eu mesma ainda não via, disse sorrindo:
- Você está diferente.
- Eu? Diferente? - O meu questionamento vinha com a mesma ingenuidade de aceitar que eu não compreendia o motivo dela dizer aquilo.
- É. Você está mais... mulher.
Continuei curiosa prestando atenção no modo como ela me analisava.
- Não é a mesma menina do ano passado. Você está lidando de forma diferente com esse problema. Você cresceu.
Ela continuava sorrindo e me fitando. Depois, desviava os olhos e continuava a secar a louça, ouvindo cada uma das confusões que eu pontuava. Cada palavra era um detalhe e ela não deixava passar nenhum deles.
Refletia a cada uma das tantas coisas que eu despejava ali. Olhava para o lado como quem pensa num tipo de plano que possa ajudar a amiga e depois, disparava alguma de suas frases que parecem estar sempre conectadas ao universo.
Ela me fazia explicar cada ponto de todas as decisões que eu tomara até ali. E todas as possíveis confusões que havia me metido.
Avaliávamos o caos e tentávamos juntas pensar na solução.
- Não é como da última vez. Você agora lida de um jeito mais maduro e por isso, precisa confiar que o universo vai se encarregar do que fazer, assim como eu confio.
- Preciso é deixar de ser medrosa - Pensei em voz alta - Mas é tão difícil. Eu estava indo a passos lentos mas permiti que ele ressignificasse uma porção de coisas.
- Quando é que você vai entender? Não foi ''ele'' quem ressignificou nada. Foi você. Está tudo dentro de você!
Ela trouxe à tona algo que eu já sabia, mas que ignorava.
Em seguida, abriu a janela de vidro da cozinha, apontou para a lua cheia que se apresentava para nós e disse:
- Peça! Pense no que você quer. E peça! O universo sempre vai te escutar, se for o desejo do seu coração.
Olhei para o céu. Eu já sabia o que pedir.
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