Algumas injúrias, uma discussão sem fundamento e sem propósito exato, e o silêncio, que dura pouco mais de meio minuto.
E vem sendo assim desde o momento em que o conheci. Agimos dessa maneira desde que eu me dispus a ser a ‘’amiga da faculdade’’, ou ‘’ a garota do amigo da faculdade’’. Embora, é claro, existissem antes algumas outras definições pejorativas, que não me cabe citar no momento.
Desconfio de que ele sempre me viu exatamente assim. Sempre enfatizou meus defeitos e meus pontos fracos, sempre espreitou nossa relação de amizade, só para se defender do encanto que mantinha por mim, na época em que eu preferia não ser tão paciente ou tão consequente quanto agora.
Costuma tentar se convencer de que o meu passado já não faz diferença, mas ele mente pra si mesmo cada vez que tenta se aproximar de mim. Julga ter um sentimento que eu não retribuo, um carinho que eu não supro.
E tudo o que me resta é lamentar por isso.
Me critica e me condenar por uma reação que não tenho, ou pela coragem que me faltou outrora. E finge que nunca descobriu todos os meus segredos.
Mal sei dizer se ele procurou meu sorriso por aí, em qualquer canto, ou qualquer esquina. Tudo o que me lembro agora é da vez em que chorei, naquela ânsia reprimida de saber a verdade sobre quem me cercava, e partido disso, o modo frígido com o qual ele me ouviu, e se desculpou. O odiei naquele exato momento, e desejei que nunca mais surgisse na minha frente outra vez. Dados alguns minutos, me lembro claramente, só pude sentir a ardência dos olhos, concedida por conta de alguns instantes de choro, e daquela estúpida falta de ar.
Ele nunca mais veio até mim, e esperou que eu o fizesse.
Por me conhecer tão bem, sabia sobre minha maneira ridiculamente previsível de ser.
Imagino que talvez ele tenha insistido em algo que eu mesma também quis acreditar, e por essa razão, ou por qualquer outra, passou a me definir algumas vezes como um curioso "Raio de Sol". Eu me sentia livre o suficiente pra me expressar de que maneira fosse, sem que ele me detestasse por isso.
E lá estava eu, relembrando os poucos fragmentos do que eu costumava chamar de "pseudo-amizade".
O mundo gira, e por contraditoriedade, nada muda. Nada nunca muda.
Exceto talvez esse amor breve dele por mim. Amor esse que nunca passa, e nunca acaba, ou já se acabou a mais tempo do que o previsto.
E dessas mesmas injúrias que guardam o carinho que sempre escondi, e que não sei mais expressar.
Desisto, e peço apenas pra que ele se cuide, perto ou especialmente, longe de mim.
segunda-feira, 28 de novembro de 2011
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