Me vejo carregando hoje o que eu considerava ser um peso quando entendia que paixão era a reação de uma pessoa à outra, a um possível destino em comum e aos laços afetivos que distorciam um pouco da realidade para que fosse mais fácil suportá-la.
Em vinte e oito anos de todas as experiências que eu adoraria relatar, apenas recentemente me vi capaz de compreender que eu sou, de um jeito exclusivamente meu e talvez até um tanto exagerado, uma eterna apaixonada.
Quisera eu dizer que pela mesma pessoa. Quisera eu fingir que a última pessoa que beijei será a última a quem eu vou me entregar.
Sei que não posso me cobrar e sequer me prometer isso. E é exatamente esse o motivo de não fazê-lo a ninguém.
Ser essa eterna apaixonada, cheia de falhas e de amores que me rasgam o peito e me ensinam a viver me parece nesse instante a maneira mais honesta de me mostrar ao mundo como eu sou de fato: uma sucessão de chegadas e partidas, de sentimentos que me tomam por inteira - mesmo quando tudo o que eu faço é me dividir entre eles.
Se antes qualquer paixão me causava desespero, hoje é só mais um motivo pra que eu me permita voar.
E eu sempre levanto voo.
Como já dizia Caetano: Cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é.
segunda-feira, 30 de março de 2020
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