Parou a moto no farol vermelho. Era hora dos outros carros passarem.
Ele se virou, com certa dificuldade em conseguir me ver, já que o capacete atrapalhava sua visão e não oferecia mobilidade ao seu pescoço.
Ainda assim, eu conseguia ver os olhos dele - os maiores olhos puxados que já vi. Há quem diga que japoneses têm olhos pequenos, mas na verdade, essa é uma característica peculiar e ao meu ver, uma bonita qualidade física da família shimanoe: olhos grandes.
- Eu sou feliz com você, sabia? - Ele indagou num misto de carisma e seriedade.
- De onde veio isso? - Eu perguntei surpresa.
- Eu precisava dizer.
- É mesmo? - Eu abandonei minha surpresa e transformei-a num sorriso ingênuo que preenchia todo o capacete que eu usava.
Meu peito se encheu novamente daquela estranha gratidão, a mesma que senti outrora e que há tanto já lhe dediquei.
Enquanto ele pilotava, me veio a breve compreensão do óbvio e me peguei dizendo a mim mesma: Vou me lembrar desse momento pelo resto da minha vida.
quarta-feira, 17 de outubro de 2018
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