THERE'S NOTHING YOU CAN MAKE THAT CAN'T BE MADE.

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segunda-feira, 1 de agosto de 2016

Sinal de fogo - Um conto sobre Bernardo

Bernardo sorriu no momento em pôs os olhos em Rafaela.

Ela lhe parecia encantadoramente perdida. Trazia consigo um brilho diferente de todo o resto.
Até as roupas que vestia lhe davam um toque peculiar, muito diferente de toda aquela maioria em meio ao bar cheio de luzes neon.
Ela lhe sorriu. E o coração de Bernardo saltou. Como se aquele pedido de "anexaxão à primeira vista" fosse um reconhecimento. Como se aquele sorriso, tão puramente ingênuo e leve, lhe chamasse da forma mais convidativa possível.

Sentou-se ao lado dela. Lhe fez perguntas breves, perguntas estas que demonstravam total interesse em sua vida. E em mais de meia hora dividiam a mesma cerveja.
Ela, que já lhe parecia ligeiramente alterada pelas bebidas que tomara, agora o olhava de forma instintiva.
Lhe contara sobre o fim recente de um grande amor e, sentindo as mãos de Bernardo em seu rosto, virou-se para não permitir o que viria a ser o primeiro beijo.
Desculpou-se, meio sem jeito. Bernardo riu, fingindo parecer ofendido. O sorriso dela o fascinava e o intrigava. Como poderia ter se apaixonado tão rápido por alguém que acabara de conhecer? Alguém que, de fato, não estava em seus planos.
No ambiente do bar, a música "Signal Fire" de Snow Patrol embalava toda a conversa dos dois. E era exatamente o que lhe parecia. Ela lhe parecia um sinal. Um lindo e extasiante sinal de fogo.
De um fogo que viria a consumir seu peito e lhe inquietar o sono.

Bernardo chegara ao bar na intenção de conquistar de vez uma antiga paixão mal resolvida, e Rafaela surgira parecendo mudar toda a sua convicção inicial.
Já ao fim da noite, ela se dirigiu a pia do banheiro do bar. Lavou as mãos, molhou bem os pulsos e a nuca. Olhei-se no espelho e perguntou-se: O que há de tão lindo no sorriso desse rapaz, afinal?
Não compreendia o por quê de estar há horas tão vidrada naquele par de olhos azuis esverdeados. Confundia-se e Bernardo certamente notara essa confusão.
Ele era doce. E essa era a doçura que ela sentia faltar em sua vida. Ou, ao menos sentia ter pedido meses antes.
Foi caminhando em direção a ele. E sorriu.
Bernardo perguntou-lhe se ela se sentia bem. Ela afirmou que sim. De um jeito meigo, olhou-o nos olhos.

- Soube que hoje é a sua comemoração de aniversário. Desculpe ser uma penetra na sua festa.
- Você não é uma penetra. É minha convidada.

Bernardo abaixou-se - por ser consideravelmente mais alto que Rafaela -  e sutilmente lhe beijou. Ela correspondeu de forma intensa. Houve a primeira conexão.
E nos próximos meses, Rafaela se tornaria a salvação e a perdição de Bernardo.
Ambos se tornariam parte importante da vida um do outro. Mas, naquele momento, não faziam ideia do que se seguiria.

Naquele momento, ela era apenas o seu mais bonito sinal de fogo.


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