Como na obra de L. Frank Baum, nos deparamos com ideias similares
sobre quem seriamos, de fato. Enquanto eu o escutava, passei a reavaliar cada
medo que me cercava até então. Tão fictícios quanto os personagens da história,
e tão brevemente reais éramos nós.
- Acho que sou como o Homem de Lata - ele mencionou, perdido
nos próprios pensamentos – Eu não tenho sentimentos, não os preservo porque não
sei onde estão. Eu não sinto a dor, eu não sinto o amor. Eu não sinto nada. Só
o vazio de sempre, que me causa impaciência, porque nem mesmo tristeza por
conta disso sou capaz de sentir.
Sentada a frente dele, pensei por mais um instante.
- Se você é o Homem de Lata, talvez eu seja o Leão –
Mencionei, olhando fixamente para ele, que ainda se mantinha perdido em devaneios
– O Leão é forte, mas não tem o que lhe seria mais útil e preciso... a coragem.
Eu tenho medo de tudo, especialmente quando se trata de perder pessoas por circunstâncias
que não posso mudar. Eu sou o Leão, o Leão Covarde – Concluí.
E depois de vagos segundos em silêncio, eu finalmente me
permiti concluir que para nós, talvez a única solução aceitável fosse voltar para a terra
de Oz, de onde nunca deveríamos ter saído.
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