Eu era a pessoa que batia no peito pra dizer: prefiro um bom filme na cama à qualquer balada por aí. Eu dizia isso com aquele ar ligeiramente arrogante de quem se considerava intelectual demais para sucumbir às mesmices de uma maioria.
Mas, eu me esqueci de que para ter propriedade no que eu dizia, eu precisava viver aquilo de algum modo, e de preferência, de coração aberto.
Nas vezes em que eu olhei com desdém pra quem adorava as tais baladas, festas e festivais, eu me esqueci de considerar que cada pessoa é, em sua plenitude, um universo inteiro e completo. Me esqueci de analisar que se o que eu desejei por um curto espaço de tempo tivesse se concretizado, eu estaria agora vivendo os meus finais de semana numa sala de estar à base de ideias de produtores e diretores que conseguiram conclui-las para entreter a pessoa que eu teria me tornado. Eu estaria na minha antiga e patética corrida contra o tempo para atualizar o meu perfil do filmow.
Se o meu julgamento coubesse perfeitamente no meu antigo discurso blazê, eu não teria sentido o meu coração explodir dentro do meu peito ao som do espetáculo que vi de perto. Eu não teria recebido o olhar e o beijo à distância de um ícone da música atual. Eu não teria me emocionado da forma como me emocionei.
Se eu não tivesse me permitido vivenciar essa experiência, eu não teria visto todas as cores e luzes que vi envolta de mim ao lado de pessoas que me abraçaram, me ergueram, me acolheram, beijaram e seguraram a minha mão em grande parte do tempo em que estive ali.
Eu continuo louca por todos os meus filmes preferidos. Mas não quero mais somente viver os sonhos da tela quadrada. Não quero mais me concentrar em viver os sonhos de outra pessoa. Bem como, me interesso cada vez menos por pré julgamentos alheios - e isso inclui os meus.
Eu me interesso, nesse momento, em cantar numa só voz.
Do modo como cantei. Do modo como fui ensinada a cantar.
E se eu errar, que alguém cante por mim.
Cante por nós.
segunda-feira, 21 de maio de 2018
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