Muito se falava sobre amizade recíproca, mútua, verdadeira. Do tipo que ultrapassa os limites do tempo. Do tipo que se mantém diante das mais distintas dificuldades.
Eu tinha 15 anos e um all star vermelho sujo todo rabiscado com o nome dos integrantes da sua - até então - banda, quando acreditei nisso piamente. Essa talvez tenha sido a primeira e última vez em que isso aconteceu.
O que vinha depois, vinha com as minhas dúvidas, os meus receios, o meu medo de perder de novo o que eu já tinha perdido quando notei que a nossa relação - aquela relação que gritávamos pro mundo ser a de dois irmãos - já não era igual.
Eu sei quanto amor depositamos nisso. Eu sei listar todas as vezes em que você me protegeu do frio, em que me acudiu. Eu consigo me lembrar de todas as vezes em que você sorriu pra mim enquanto tocava seu violão e todas as vezes em que desci a rua da minha antiga casa correndo só pra poder pular no seu pescoço - como as cenas de filmes que eu acreditava que viveria um dia.
Mas, dádiva ou maldição, eu tenho uma memória boa o suficiente para me lembrar de todas as vezes em que você deixou de me responder, em que um ''como você está?'' ou o desenvolvimento de um assunto qualquer caia no seu esquecimento.
Eu ainda me lembro, assim sem pesar e sem dor, de todas as vezes em que você poderia ter tentado honrar a promessa que me fizera no ano anterior, aquela que consistia em estar mais próximo, em fazer parte da minha vida de forma mais efetiva.
A muito falada amizade mútua, apesar de ter deixado registros incríveis de momentos dos quais provavelmente vou me lembrar enquanto eu respirar, ficou no esquecimento, de algum modo. Eu não te culpo. Eu não me culpo. Eu não culpo ninguém e não culpo a vida. Não ter você constantemente no meu caminho me ajudou a seguir sozinha. Tenho orgulho disso.
Só assim eu pude me achar e tirar as cenas dos filmes da cabeça pra poder vivê-las como eu bem entendesse.
Parece o velho clichê dos amores jurados que se perdem no tempo, na saudade e na ausência. Talvez essa seja a hora em que a gente aponta pra vida, pega o violão e toca "Por Enquanto" da Cássia Eller, só pra dizer que o pra sempre, sempre acaba.
Mas hoje, num dia como hoje, eu não tenho nada pra comemorar. Eu não tenho palavras entusiasmadas de amor e felicitações pra você. Hoje eu tenho só a nostalgia - foi o que sobrou.
Não que não haja gratidão. Mas antes havia um buraco imenso e agora não há mais. Eu o fechei por mim mesma.
Hoje, essa data se tornou uma simples formalidade.
quarta-feira, 31 de janeiro de 2018
sexta-feira, 12 de janeiro de 2018
Neve
Dissolve entre os dedos.
Não é como nos desenhos animados. É a falta de calor a qual alguns de nós estamos fadados.
Solta e leve. Escorre na mão.
Quase tão triste quanto a chuva de inverno, que deprime a mais bela canção.
Ausência do que foi bom. Toda a sua frieza imposta a mim, quase como um dom.
Floco que cai. Mais uma parte que se vai.
Leva consigo a brisa fria, de um tempo onde de indiferença alguma eu perecia.
Neve. Leve.
Pedaço com sobrenome de tristeza.
Toco o bocado de neve. E nele, a frieza.
Não é como nos desenhos animados. É a falta de calor a qual alguns de nós estamos fadados.
Solta e leve. Escorre na mão.
Quase tão triste quanto a chuva de inverno, que deprime a mais bela canção.
Ausência do que foi bom. Toda a sua frieza imposta a mim, quase como um dom.
Floco que cai. Mais uma parte que se vai.
Leva consigo a brisa fria, de um tempo onde de indiferença alguma eu perecia.
Neve. Leve.
Pedaço com sobrenome de tristeza.
Toco o bocado de neve. E nele, a frieza.
Assinar:
Postagens (Atom)