Ele me disse que sabia que éramos diferentes de toda aquela maioria. Eu concordei.
As pessoas nos olharam. E eu sei que de algum modo, nos invejaram. Não por sermos seres superiores, dignos de tamanha inveja - até porque estávamos bem distantes disso. Mas pelo simples fato de termos um ao outro. E por isso, também estarmos distantes da compreensão humana, do socialmente aceitável e permitido.
Ele não tinha sexo. Eu também não. Ele não era mais um desses tantos. Eu também não.
Não somos padrão. Não éramos na infância. Nem seríamos agora.
Nunca fomos.
Ele sempre soube aprofundar conversas e pontos de vista. Eu sempre soube dar vazão a toda a criatividade adquirida a partir daí.
Não somos padrão. Ele já me disse isso uma porção de vezes. Ele já me enalteceu mais tantas outras.
E foi firme na ideia de que nada poderia invadir a cumplicidade que criamos.
Essa que uso pra me expressar em códigos, essa que me permite falar e ser compreendida. Essa que quebra tabus e nos faz cuspir na padrão alheio.
Porque nós não fomos e nunca seremos padrão.
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