Acho que te fiz promessas demais. Eu e você nos prometemos coisas que não sabíamos que não poderíamos cumprir.
Transmitimos um apoio mútuo, e nos seguramos um ao outro até o momento em que isso realmente nos cabia. Nos seguramos para manter intacto um afeto que já não é visto como prioridade por nenhum de nós. E eu me sufoco por não te escrever isso com tristeza, com angustia ou com um pingo sequer de raiva. Eu me culpo por não sofrer e por simplesmente aceitar que você estava disposto a ir, com um pé já na estrada, e que eu me vi disposta a deixar, sem me preocupar com a volta - se é que um dia ela de fato existiria.
Agora eu sei. A vida me mostra e mostrou todos os dias ao longo desses últimos meses, que o meu papel no seu mundo foi te fazer enxergar quem você realmente era, além do que o espelho poderia lhe mostrar. O seu papel, por outro lado, foi bem mais claro e óbvio: Me ajudar a não enlouquecer, quando tudo o que diziam de mim poderia já expor a louca que eu era e a tamanha besteira que você fazia se deixando ser o meu melhor amigo.
E a nossa parte na vida um do outro ficou pra trás. Como me disseram que ficaria. Como pra outros, muito antes, também ficou. Eu já te livrei há muito tempo de me curar dos meus acessos de menina. Agora, eu sei que os controlo por mim mesma.
Sei também, que inegavelmente, sempre fui apenas por mim, sem ter ninguém que me carregasse.
E isso me basta daqui em diante.
terça-feira, 1 de dezembro de 2015
quarta-feira, 18 de novembro de 2015
Hoje eu quero falar de saudade
Hoje eu quero me deixar pra lá, pra dedicar o meu tempo à essa saudade que eu sufoco todos os dias com a rotina.
Hoje eu quero lembrar da tua voz, do jeito carinhoso de chamar pelo meu nome.
Hoje eu quero lembrar do teu abraço e chorar a falta dele feito criança sentida.
Hoje eu quero lembrar das tuas mãos, das tuas piadas, das tuas roupas, da tua coleção de relógios.
Quero calar meu coração, que vem te chamando em pensamento há meses.
Quero me desculpar pela imaturidade de antes. E quero que daí - de cima - você enxergue que eu cresci, e se orgulhe. Quero te pedir que me ajude a ser forte e resistente, com o mesmo sorriso terno que você usava pra se livrar das frustrações da vida.
Quero a sua proteção.
Quero poder dizer o teu nome sem sentir meu peito pesar. Quero poder dizer um saudável adeus.
Quero colocar a tua foto ao lado da minha cama, mais uma vez, e olhar pra ela pensando que eu queria - mais que qualquer outra coisa - voltar no tempo só pra ter a tua presença por mais um dia.
Julian Rubens Manchon Lahuerta. ♥
Hoje eu quero lembrar da tua voz, do jeito carinhoso de chamar pelo meu nome.
Hoje eu quero lembrar do teu abraço e chorar a falta dele feito criança sentida.
Hoje eu quero lembrar das tuas mãos, das tuas piadas, das tuas roupas, da tua coleção de relógios.
Quero calar meu coração, que vem te chamando em pensamento há meses.
Quero me desculpar pela imaturidade de antes. E quero que daí - de cima - você enxergue que eu cresci, e se orgulhe. Quero te pedir que me ajude a ser forte e resistente, com o mesmo sorriso terno que você usava pra se livrar das frustrações da vida.
Quero a sua proteção.
Quero poder dizer o teu nome sem sentir meu peito pesar. Quero poder dizer um saudável adeus.
Quero colocar a tua foto ao lado da minha cama, mais uma vez, e olhar pra ela pensando que eu queria - mais que qualquer outra coisa - voltar no tempo só pra ter a tua presença por mais um dia.
Julian Rubens Manchon Lahuerta. ♥
terça-feira, 27 de outubro de 2015
O amor da vida dela - depois de você
Você me fez um grande favor em desistir dela.
Ela, que vivia presa numa redoma de vidro, incapaz de se libertar dos teus padrões morais completamente hipócritas e forçados.
Ela, que se dizia dona da própria verdade e que em questão de semanas se tornou ridiculamente adestrada por você e a sua criação de impositores baratos de opinião.
Ela, que deixou os sonhos hibernarem por medo da sua estupidez.
Ela, que só não deixou os mesmos sonhos morrerem porque encontrou com quem dividi-los no momento em que você já se sentia o dono dela e da sua verdade.
Você me fez um grande favor destruindo seu relacionamento de plástico. Tenho a plena certeza de que se não fosse assim, ela jamais me olharia com a esperança de que eu pudesse mudar as coisas.
Devo lhe dizer: Ela é mais feliz ao meu lado, sim.
Devo assumir: Eu a quis desde o primeiro momento em que pus os olhos nela.
Devo esclarecer: Ela era tudo o que eu sabia que poderia ser. E foi o que eu também quis ser pra ela, enquanto ela lamentava sua falta de atenção ou de entendimento mínimo.
Ela, que era a guerreira que você quis transformar em princesa frágil.
Ela, que buscava o auto conhecimento do ser, enquanto você se afogava em seu materialismo medíocre.
Ela, que foi e sempre será pra mim, o que jamais teria sido pra você.
E você a perdeu, muito antes que eu pudesse roubá-la de você.
Corra e conte aos seus amigos, mais uma vez, que você me fez um grande favor em desistir dela.
Carinhosamente,
O amor da vida dela - o verdadeiro - depois de você.
quarta-feira, 16 de setembro de 2015
Eu te prometo...
Eu te prometo te amar. Assim. Do meu jeito meio menina, meio
carente. Do meu ponto de vista cheio de razões que eu não abandono. Do meu eu
sempre tão cheio de argumentos.
Eu te prometo te amar. De leve, aos poucos. E intensamente,
sempre que você me permitir.
Eu te prometo correr aquela avenida pra não perder o ônibus
que para em frente à tua casa. Eu te prometo todas as próximas 58 músicas de
amor que vou escutar aleatoriamente e me viciar por dias a fio.
Eu te prometo a melhor parte de mim. E a pior, também. Eu te
prometo as noites do meu sábado, e as tardes do meu domingo, mesmo quando o teu
maior desejo for assistir ao futebol.
Eu te prometo uma reconciliação justa para cada briga. E te prometo todos os meus maiores sonhos, embrulhados pra presente, entregues como parte de tudo o que você já conhece de mim.
Eu te prometo os meus risos. E também os meus choros descontrolados.
Eu te prometo honestidade. Eu te prometo lealdade. Mesmo nas minhas confusões, nas minhas crises. Eu te prometo a minha força.
Eu te prometo achar o caminho de volta pro meu coração. E pra tua cama.
Eu te prometo uma reconciliação justa para cada briga. E te prometo todos os meus maiores sonhos, embrulhados pra presente, entregues como parte de tudo o que você já conhece de mim.
Eu te prometo os meus risos. E também os meus choros descontrolados.
Eu te prometo honestidade. Eu te prometo lealdade. Mesmo nas minhas confusões, nas minhas crises. Eu te prometo a minha força.
Eu te prometo achar o caminho de volta pro meu coração. E pra tua cama.
Eu te prometo não desistir de você, e prometo não te perder.
sexta-feira, 31 de julho de 2015
Surreal
Nada, nunca é tão certo. Mas pra você, é algo que lhe parece
normal. Você se acostumou com a incerteza ideal que te fez querer o tudo e te
fez enxergar que o pouco não é a opção. Sei que será surreal, quando o mundo
vier às suas mãos.
Cercado de quem puder sempre lhe ajudar, confiando e
acreditando no que você – e apenas você – pode se tornar. O pouco, eu sempre
soube que seria simples demais a você e à sua vontade. O
tudo foi sua grande opção. Sei que será irreal, quando o mundo vier às suas
mãos.
Longe. Alto.
Cabe a você criar seu próprio destino e escrevê-lo da forma
como quiser que ele realmente aconteça. Cabe somente a você saber.
Onde e quando.
E, seja qual for o final, sei que o fará algo surreal.
31/07/1995 - O dia em que eu ganhei o meu presente surreal. Arthur Gonçalves Pedro ♥
Adaptação da música: Surreal - Banda Scalene.
Adaptação da música: Surreal - Banda Scalene.
segunda-feira, 13 de julho de 2015
Um brinde a estes homens - 15 de Julho
1 . Marcos Rogério Pedro
2 . Arthur Gonçalves Pedro
3 . João Pedro
4 . Rubens Diaz Machon
5 . Julian Rubens Manchon Lahuerta
6 . João Paulo Carretto
7 . Pedro Henrique Fabri Zanini
8 . André Bona Hahn
9 . Raitan Azevedo Ohi
10 . Giovanne Rodrigues
11 . Iago Morpanini
12 . Vinicius Felipe Demarchi
13 . Paulo Davi Braglirolli Stracci
14 . Gilson Fagundes Jr
Celebro o Dia do Homem. E neste 15 de Julho, a minha breve e singela homenagem à todos os homens presentes, e àqueles a quem tive a satisfação de conhecer e conviver.
A todos os que até hoje me aturam diariamente, e aos que surgem sempre que eu preciso de um auxílio: Sou grata. Verdadeiramente.
Eu poderia fazer uma lista muito maior de nomes para incluir, mas os 14, eu posso considerar espelhos, não só pra mim, mas para a humanidade, que eu sinto não estar perdida quando me lembro destes mencionados acima.
2 . Arthur Gonçalves Pedro
3 . João Pedro
4 . Rubens Diaz Machon
5 . Julian Rubens Manchon Lahuerta
6 . João Paulo Carretto
7 . Pedro Henrique Fabri Zanini
8 . André Bona Hahn
9 . Raitan Azevedo Ohi
10 . Giovanne Rodrigues
11 . Iago Morpanini
12 . Vinicius Felipe Demarchi
13 . Paulo Davi Braglirolli Stracci
14 . Gilson Fagundes Jr
Celebro o Dia do Homem. E neste 15 de Julho, a minha breve e singela homenagem à todos os homens presentes, e àqueles a quem tive a satisfação de conhecer e conviver.
A todos os que até hoje me aturam diariamente, e aos que surgem sempre que eu preciso de um auxílio: Sou grata. Verdadeiramente.
Eu poderia fazer uma lista muito maior de nomes para incluir, mas os 14, eu posso considerar espelhos, não só pra mim, mas para a humanidade, que eu sinto não estar perdida quando me lembro destes mencionados acima.
segunda-feira, 6 de julho de 2015
A velha mania de me atirar a primeira pedra
Eu poderia começar esse discurso de forma torta e cruel. E expressar toda uma indignação. Mas essa é uma emoção da semana passada. E é exatamente por esse motivo que eu me sinto no direito e na liberdade de imprimi-la.
Me ocorreu que como a pessoa honesta que me esforço pra ser todos os dias, seria óbvio conselhar e questionar certas atitudes impróprias de um amigo que fez parte do meu convívio estudantil no Ensino Médio. Eis que no auge dos meus questionamentos, os quais envolviam uma porção de aspectos, entre eles: a falta de caráter e de compromisso com a verdade, a desonra de critérios e argumentos fundamentais para um relacionamento e uma possível infidelidade, me vi obrigada a dizer tudo o que eu pensava, por decepção, e talvez por um pouco de soberba.
O que se sucedeu em seguida foi lastimável, eu diria.
Uma porção de argumentos mal interpretados e distorcidos sobre a minha vida me foram esfregados na cara como se eu os tivesse escondido, ou como se devesse ter qualquer vergonha de tê-los cometido.
Em seguida, chorei. E o fiz feito criança. Feito uma garotinha que acaba de perder qualquer ilusão.
Um amigo de tantos anos, declarando inverdades sobre mim como se sequer conhecesse a minha índole. E foi então que tive uma breve compreensão do óbvio: Eu já estive nessa condição em outros momentos.
Já fui apedrejada verbalmente por pessoas que diziam me amar e me respeitar. Já fui atacada por agir erroneamente. Já fui castigada socialmente com insultos de alguns tipos e já tive que lidar com coisas que não condiziam com a minha realidade e a minha verdade, ou a verdade dos meus atos. E eu sobrevivi.
Sobrevivi a inúmeras pessoas que adorariam me ver pelas costas. Sobrevivi à comentários maldosos e mentiras. Sobrevivi porque sempre assumi os meus atos, mesmo os mais impuros e equivocados. Sobrevivi porque tinha que ser assim.
E cá estou eu, inteira. Completa. De alma lavada e consciência limpa. Sem me perguntar o porquê de não ser aceita da forma como sou, pelo meu modo de agir e/ou pensar. E levando comigo a melhor frase que eu poderia ter ouvido naquele dia, do meu genitor: ''Você é intensa. Se algumas pessoas não compreendem isso, elas não podem seguir você no seu caminho. Você vai ter que deixá-las pra trás.''
Me ocorreu que como a pessoa honesta que me esforço pra ser todos os dias, seria óbvio conselhar e questionar certas atitudes impróprias de um amigo que fez parte do meu convívio estudantil no Ensino Médio. Eis que no auge dos meus questionamentos, os quais envolviam uma porção de aspectos, entre eles: a falta de caráter e de compromisso com a verdade, a desonra de critérios e argumentos fundamentais para um relacionamento e uma possível infidelidade, me vi obrigada a dizer tudo o que eu pensava, por decepção, e talvez por um pouco de soberba.
O que se sucedeu em seguida foi lastimável, eu diria.
Uma porção de argumentos mal interpretados e distorcidos sobre a minha vida me foram esfregados na cara como se eu os tivesse escondido, ou como se devesse ter qualquer vergonha de tê-los cometido.
Em seguida, chorei. E o fiz feito criança. Feito uma garotinha que acaba de perder qualquer ilusão.
Um amigo de tantos anos, declarando inverdades sobre mim como se sequer conhecesse a minha índole. E foi então que tive uma breve compreensão do óbvio: Eu já estive nessa condição em outros momentos.
Já fui apedrejada verbalmente por pessoas que diziam me amar e me respeitar. Já fui atacada por agir erroneamente. Já fui castigada socialmente com insultos de alguns tipos e já tive que lidar com coisas que não condiziam com a minha realidade e a minha verdade, ou a verdade dos meus atos. E eu sobrevivi.
Sobrevivi a inúmeras pessoas que adorariam me ver pelas costas. Sobrevivi à comentários maldosos e mentiras. Sobrevivi porque sempre assumi os meus atos, mesmo os mais impuros e equivocados. Sobrevivi porque tinha que ser assim.
E cá estou eu, inteira. Completa. De alma lavada e consciência limpa. Sem me perguntar o porquê de não ser aceita da forma como sou, pelo meu modo de agir e/ou pensar. E levando comigo a melhor frase que eu poderia ter ouvido naquele dia, do meu genitor: ''Você é intensa. Se algumas pessoas não compreendem isso, elas não podem seguir você no seu caminho. Você vai ter que deixá-las pra trás.''
quinta-feira, 25 de junho de 2015
Corra, Pedro. Corra!
De braços dados, caminhando pelos corredores com orgulho, como se exibissem uma juventude invejável. Riam e confidenciavam coisas vividas nos últimos meses - aqueles meses distantes vividos de forma tão individual.
- Olha só, uma porta - Disse Pedro ao parar bem em frente a uma porta parcialmente escondida à direita. Porta essa de aspecto completamente diferente do restante do ambiente daquele shopping por onde passeavam.
- O que é isso? Onde vai dar? - Perguntou Julia, enquanto associava a porta a um açougue ou frigorífico, olhando através da janela de acrílico.
- É uma saída secreta. Talvez nos leve para outra dimensão - Disse Pedro, sorrindo - Essa porta na verdade leva à uma saída para o estacionamento - Corrigiu ele.
Julia, parada ali, riu e se lembrou de tantos dos momentos que se esforçou para eternizar nas lembranças. Lembrara de uma cena do filme Wir Kinder vom Bahnhof Zoo onde a protagonista, Christiane F. corria com amigos por corredores largos, fugindo de ser apanhada por policiais. Lembrou-se também da cena de The Dreamers, onde os três protagonistas, inspirados ainda em Bande à Part, decidem correr pelo Museu do Louvre na intenção de bater um recorde.
Abriu uma das portas - e mesmo com receio de ser pega por qualquer um dos seguranças - entrou.
Pedro vinha logo atrás, perplexo e curioso.
- Vem! - Disse Julia, enquanto puxava Pedro e tirava o celular do bolso, deslizando os dedos pela tela do aparelho.
- O que você vai fazer? - Perguntou Pedro, intrigado.
- Vou eternizar mais essa cena - Respondeu Julia, sorrindo, antes de colocar Heroes - de David Bowie - para tocar, no último volume.
- Corre! - Gritou a garota.
E Pedro logo passou a correr junto dela.
Julia olhava para o seu lado esquerdo enquanto corria, e lá estava ele. Os cabelos loiros agora eram mais compridos que o habitual e eram tomados pelo vento da corrida.
Havia qualquer fragilidade presa à Pedro. E ele apenas corria. Fugia de si, para que pudesse entrar no tal universo paralelo criado por quem considerara, até então, sua melhor amiga - ou qualquer coisa próxima a isso.
Ambos corriam sem pressa. Corriam imitando crianças. Corriam para ocultar o medo do futuro. Corriam pelo prazer de apenas deslizar corredor adentro.
Empurraram a porta seguinte e finalmente, estavam do lado de fora.
Pedro parara e Julia, com aquela irritante ingenuidade infantil, continuava a correr.
- Vem, Pedro! Corre! - Gritou ela, olhando para trás. Os cabelos enormes voando e se perdendo entre o próprio rosto.
Pedro respirou, e seguiu correndo.
Finalmente, cansaram-se.
- Acho que você é louca - Disse, sem fôlego, parando junto à garota.
Julia apenas concordou com um sorriso.
E seguiram caminhando...
- Olha só, uma porta - Disse Pedro ao parar bem em frente a uma porta parcialmente escondida à direita. Porta essa de aspecto completamente diferente do restante do ambiente daquele shopping por onde passeavam.
- O que é isso? Onde vai dar? - Perguntou Julia, enquanto associava a porta a um açougue ou frigorífico, olhando através da janela de acrílico.
- É uma saída secreta. Talvez nos leve para outra dimensão - Disse Pedro, sorrindo - Essa porta na verdade leva à uma saída para o estacionamento - Corrigiu ele.
Julia, parada ali, riu e se lembrou de tantos dos momentos que se esforçou para eternizar nas lembranças. Lembrara de uma cena do filme Wir Kinder vom Bahnhof Zoo onde a protagonista, Christiane F. corria com amigos por corredores largos, fugindo de ser apanhada por policiais. Lembrou-se também da cena de The Dreamers, onde os três protagonistas, inspirados ainda em Bande à Part, decidem correr pelo Museu do Louvre na intenção de bater um recorde.
Abriu uma das portas - e mesmo com receio de ser pega por qualquer um dos seguranças - entrou.
Pedro vinha logo atrás, perplexo e curioso.
- Vem! - Disse Julia, enquanto puxava Pedro e tirava o celular do bolso, deslizando os dedos pela tela do aparelho.
- O que você vai fazer? - Perguntou Pedro, intrigado.
- Vou eternizar mais essa cena - Respondeu Julia, sorrindo, antes de colocar Heroes - de David Bowie - para tocar, no último volume.
- Corre! - Gritou a garota.
E Pedro logo passou a correr junto dela.
Julia olhava para o seu lado esquerdo enquanto corria, e lá estava ele. Os cabelos loiros agora eram mais compridos que o habitual e eram tomados pelo vento da corrida.
Havia qualquer fragilidade presa à Pedro. E ele apenas corria. Fugia de si, para que pudesse entrar no tal universo paralelo criado por quem considerara, até então, sua melhor amiga - ou qualquer coisa próxima a isso.
Ambos corriam sem pressa. Corriam imitando crianças. Corriam para ocultar o medo do futuro. Corriam pelo prazer de apenas deslizar corredor adentro.
Empurraram a porta seguinte e finalmente, estavam do lado de fora.
Pedro parara e Julia, com aquela irritante ingenuidade infantil, continuava a correr.
- Vem, Pedro! Corre! - Gritou ela, olhando para trás. Os cabelos enormes voando e se perdendo entre o próprio rosto.
Pedro respirou, e seguiu correndo.
Finalmente, cansaram-se.
- Acho que você é louca - Disse, sem fôlego, parando junto à garota.
Julia apenas concordou com um sorriso.
E seguiram caminhando...
quinta-feira, 23 de abril de 2015
Despacho de minhas bagagens abstratas
E numa bela manhã cinzenta de terça-feira, eu simplesmente fui e deixei tudo pra trás.
Peguei aquela minha bagagem cheia de falsas ilusões, frustrações, dramas, mentiras e injúrias, embrulhei-a e finalmente a despachei.
Me dei conta de que naquele momento, nada mais importava.
Os amores perdidos, os embalos desconhecidos, as noites mal dormidas, o frio na barriga, a falta de ar, o peito vazio. As mentiras, as dores, os pesares, as mágoas, e tudo o que ainda restava foi simplesmente descartado por mim - e já não era sem tempo.
Demorei em me permitir sentir isso. Sim, eu confesso. Mas só alguém de extrema coragem poderia se permitir reavaliar cada passo dado, cada palavra dita erroneamente, cada engano cometido por esse coração, que aprendeu a amar cedo, bem cedo, quando era lindo e ingênuo escrever cartinhas de amor aos 7 anos para o garoto mais bonito da rua, mesmo sabendo que no fundo ele não cumpriria de fato a promessa de se casar comigo.
Precisei ser corajosa o bastante para me lembrar da frustração dos sábados de meus 16 anos, quando esperar meu namoradinho descompromissado era torturante, quase tão torturante quanto saber ao final do dia que ele simplesmente não apareceria.
Precisei ter coragem para me recordar de como era abrir mão do meu orgulho para deixar que um outro escolhesse caminhar com alguém que não era eu.
E para ver o que eu considerava meu primeiro relacionamento sério se desfazer por consequência da vida, após tentativas falhas de mantê-lo em pé.
Precisei assumir que o último deles, apesar de bastante conveniente - emocionalmente falando - não possuía o mesmo grau de afeto, carinho e ingenuidade dos anteriores. E que era só a minha chance de dizer que tentei e que realmente não dei certo com alguém que era, de fato, tão diferente de mim.
Precisei buscar dentro de mim a coragem que eu sempre admirei nas pessoas que me cercavam - coragem essa que eu nunca imaginei ter.
Precisei voltar atrás para descobrir que todos os meus erros me trouxeram até aqui. Mesmo quando eu torcia todos os dias para acordar numa máquina do tempo que me levasse de volta e me permitisse tomar atitudes que me fizessem parecer um pouco mais adulta e menos desequilibrada.
Afirmo e reafirmo, que por ironia do destino, me vi recompensada por todos os enganos de outrora. Essa recompensa é você. E foi, desde aquele primeiro sorriso.
Aqueles erros que eu julgava terrivelmente pavorosos não me sufocam mais, não me pesam e nem me torturam com a mesma facilidade de antes. Tê-los cometido, me fez ser quem sou, e por muitos passos em falso, a estrada me colocou num caminho inteiramente novo, parecido com tudo o que eu já havia sonhado e visto em filmes e livros.
Agora eu sei que a sua força foi o que mais me ajudou a me livrar daquela maleta pesada, cheia de inutilidades emocionais. E embora seja grata por cada recordação presa ali, já não guardo espaço para todas elas.
Agora o espaço é seu. Pra que você escreva as suas palavras em mim da forma que puder.
Você, agora, é a história mais bonita que eu poderia contar a alguém. E é, com toda a certeza, o meu maior ato de coragem nesse instante.
Peguei aquela minha bagagem cheia de falsas ilusões, frustrações, dramas, mentiras e injúrias, embrulhei-a e finalmente a despachei.
Me dei conta de que naquele momento, nada mais importava.
Os amores perdidos, os embalos desconhecidos, as noites mal dormidas, o frio na barriga, a falta de ar, o peito vazio. As mentiras, as dores, os pesares, as mágoas, e tudo o que ainda restava foi simplesmente descartado por mim - e já não era sem tempo.
Demorei em me permitir sentir isso. Sim, eu confesso. Mas só alguém de extrema coragem poderia se permitir reavaliar cada passo dado, cada palavra dita erroneamente, cada engano cometido por esse coração, que aprendeu a amar cedo, bem cedo, quando era lindo e ingênuo escrever cartinhas de amor aos 7 anos para o garoto mais bonito da rua, mesmo sabendo que no fundo ele não cumpriria de fato a promessa de se casar comigo.
Precisei ser corajosa o bastante para me lembrar da frustração dos sábados de meus 16 anos, quando esperar meu namoradinho descompromissado era torturante, quase tão torturante quanto saber ao final do dia que ele simplesmente não apareceria.
Precisei ter coragem para me recordar de como era abrir mão do meu orgulho para deixar que um outro escolhesse caminhar com alguém que não era eu.
E para ver o que eu considerava meu primeiro relacionamento sério se desfazer por consequência da vida, após tentativas falhas de mantê-lo em pé.
Precisei assumir que o último deles, apesar de bastante conveniente - emocionalmente falando - não possuía o mesmo grau de afeto, carinho e ingenuidade dos anteriores. E que era só a minha chance de dizer que tentei e que realmente não dei certo com alguém que era, de fato, tão diferente de mim.
Precisei buscar dentro de mim a coragem que eu sempre admirei nas pessoas que me cercavam - coragem essa que eu nunca imaginei ter.
Precisei voltar atrás para descobrir que todos os meus erros me trouxeram até aqui. Mesmo quando eu torcia todos os dias para acordar numa máquina do tempo que me levasse de volta e me permitisse tomar atitudes que me fizessem parecer um pouco mais adulta e menos desequilibrada.
Afirmo e reafirmo, que por ironia do destino, me vi recompensada por todos os enganos de outrora. Essa recompensa é você. E foi, desde aquele primeiro sorriso.
Aqueles erros que eu julgava terrivelmente pavorosos não me sufocam mais, não me pesam e nem me torturam com a mesma facilidade de antes. Tê-los cometido, me fez ser quem sou, e por muitos passos em falso, a estrada me colocou num caminho inteiramente novo, parecido com tudo o que eu já havia sonhado e visto em filmes e livros.
Agora eu sei que a sua força foi o que mais me ajudou a me livrar daquela maleta pesada, cheia de inutilidades emocionais. E embora seja grata por cada recordação presa ali, já não guardo espaço para todas elas.
Agora o espaço é seu. Pra que você escreva as suas palavras em mim da forma que puder.
Você, agora, é a história mais bonita que eu poderia contar a alguém. E é, com toda a certeza, o meu maior ato de coragem nesse instante.
quarta-feira, 8 de abril de 2015
Características infantis de uma Miss Lexotan-zinha.
Aos 9 anos de idade, recebi junto aos meus colegas de turma, a tarefa de desenvolver uma máscara de rosto caseira, com desenho de gato. A intenção era levá-la no dia seguinte à escola e reproduzir uma interpretação com base no texto que havíamos recebido na aula anterior - que contava a história de um casal de gatos.
Alguns meninos e meninas foram escolhidos pela professora para fazer o que se considerava uma espécie de teste. A ideia era escolher os personagens da peça para apresentá-la nas salas das primeiras e segundas séries.
Lembro-me vagamente que as meninas escolhidas liam o texto com ligeira vergonha e frieza. Um trecho em específico de fala das meninas mencionava algo como: "Uma gata se esquenta num gato".
Após quase todas as interpretações, a professora interveio com uma ideia.
- Meninas, vocês estão muito contidas. Vocês deveriam fazer este trecho em especial dizendo ''uma gata se esquenta num gato'' ao lado de um dos meninos.
Ela se moveu para perto de um dos meninos e se encostou parecendo um felino buscando por atenção. Roçou-se de leve no braço dele, bem como se estivesse tentando se esquentar.
Um tanto chocadas e ainda mais tímidas, as meninas ignoraram a sugestão da professora e continuaram a ler o texto sem muita ação.
Quando fui chamada a representar, decidi fazer como na sugestão. Li o texto com um pouco mais de vontade, caminhei até meu colega e rocei inocentemente meu braço no seu, como se fosse mesmo uma felina ansiando por atenção.
Houve, em seguida, uma enxurrada de aplausos vindos de todos os cantos da sala de aula.
Logo após, a professora mencionou o nome de cada uma das meninas para que os alunos levantassem a mão em sinal de votação.
Quando, por último, mencionou o meu nome, quase todos os presentes levantaram as mãos. Eu havia sido escolhida quase que de forma unânime.
Me recordando disso, agora entendo a minha coragem. Entendo perfeitamente algumas das minhas atitudes. Eu nunca fui muito comum - e isso nem sempre era bom. Mas também nunca fui normal - e isso era ótimo.
Eu gostava de desafiar o óbvio, mesmo quando parecia ainda muito nova para compreender que o óbvio, na verdade, era o que a sociedade mais exigia de mim. Gostava de inventar, inovar, e, por que não dizer... chocar?
Hoje eu entendo que pouco importava se o motivo disso era fugir de uma realidade que muito me incomodava.
Era apenas eu, ou grande de mim se desenvolvendo ali, me dizendo que eu sempre esperaria um pouco mais do mundo, como se ele mesmo me devesse algo.
Era apenas uma chance, dentre tantas outras, de ouvir algumas pessoas dizerem: "Essa menina é doida".
Alguns meninos e meninas foram escolhidos pela professora para fazer o que se considerava uma espécie de teste. A ideia era escolher os personagens da peça para apresentá-la nas salas das primeiras e segundas séries.
Lembro-me vagamente que as meninas escolhidas liam o texto com ligeira vergonha e frieza. Um trecho em específico de fala das meninas mencionava algo como: "Uma gata se esquenta num gato".
Após quase todas as interpretações, a professora interveio com uma ideia.
- Meninas, vocês estão muito contidas. Vocês deveriam fazer este trecho em especial dizendo ''uma gata se esquenta num gato'' ao lado de um dos meninos.
Ela se moveu para perto de um dos meninos e se encostou parecendo um felino buscando por atenção. Roçou-se de leve no braço dele, bem como se estivesse tentando se esquentar.
Um tanto chocadas e ainda mais tímidas, as meninas ignoraram a sugestão da professora e continuaram a ler o texto sem muita ação.
Quando fui chamada a representar, decidi fazer como na sugestão. Li o texto com um pouco mais de vontade, caminhei até meu colega e rocei inocentemente meu braço no seu, como se fosse mesmo uma felina ansiando por atenção.
Houve, em seguida, uma enxurrada de aplausos vindos de todos os cantos da sala de aula.
Logo após, a professora mencionou o nome de cada uma das meninas para que os alunos levantassem a mão em sinal de votação.
Quando, por último, mencionou o meu nome, quase todos os presentes levantaram as mãos. Eu havia sido escolhida quase que de forma unânime.
Me recordando disso, agora entendo a minha coragem. Entendo perfeitamente algumas das minhas atitudes. Eu nunca fui muito comum - e isso nem sempre era bom. Mas também nunca fui normal - e isso era ótimo.
Eu gostava de desafiar o óbvio, mesmo quando parecia ainda muito nova para compreender que o óbvio, na verdade, era o que a sociedade mais exigia de mim. Gostava de inventar, inovar, e, por que não dizer... chocar?
Hoje eu entendo que pouco importava se o motivo disso era fugir de uma realidade que muito me incomodava.
Era apenas eu, ou grande de mim se desenvolvendo ali, me dizendo que eu sempre esperaria um pouco mais do mundo, como se ele mesmo me devesse algo.
Era apenas uma chance, dentre tantas outras, de ouvir algumas pessoas dizerem: "Essa menina é doida".
terça-feira, 10 de março de 2015
Maternal
Ela não envelhece - pensei comigo mesma - Nos mais de vinte anos que a conheço, ela permanece igual, como se ainda guardasse uma carga de sonhos de menina que são soprados pela vida. Como se a cada ano, ela usasse de um pouco mais de compreensão e coerência para entender as minhas falhas e as minhas virtudes.
Ela dirige tão bem - pensei. Acho que eu gostaria de saber dirigir do jeito dela.
Os pingos caiam entre o vidro da frente e se quebravam em direção aos vidros laterais do carro. Ouvíamos uma música antiga, daquelas que costumo escutar nas playlists hoje montadas para embalar um final de semana em casa.
Ela me contara que aquela música havia sido a primeira que a fizera dançar com um garotinho, em um de seus bailes de garagem, no auge de sua infância. Me contara que sempre tivera certa timidez e contraditória independência. E seguia dirigindo, mencionando detalhes de uma vida muito distante de sua realidade. Uma vida cheia de curiosidades que ela só ousou dividir comigo, naquele momento.
"Logo que você virou adolescente, sempre que dizia sair pra algum lugar, as pessoas ficavam preocupadas. Acreditavam que você era muito solta. Mas você era como eu. Eu me via em você, na sua liberdade, na sua independência" - Foi o que ela me disse.
Logo me vi radiante diante daquela frase.
Eu sou como ela? Mas que honra ser assim. Que honra ser como uma mulher que sempre foi tão guerreira, tão presente, tão bonita...
Ah, sim. E que beleza é essa que não morre e nem padece? Beleza é essa que não falha.
Que honra a minha ser batizada por uma mulher clara, doce, equilibrada.
Que honra a minha ser presenteada por uma mulher que compreende os meus gostos.
Que honra tê-la por perto para ser como uma guia, de uma amor tão maternal e sem laços de sangue que poucos experimentam.
Que honra chamá-la de madrinha. De mãe. De mãedrinha.
segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015
Mais sangue que o meu próprio sangue
Certa vez ouvi minha mãe me dizer que eu provavelmente sobrevivi ao parto e saí ilesa de um útero que já me carregava em sofrimento fetal, porque houve uma mulher, alguém de fora da família, que rezava para que a criança esperada ali, viesse com saúde e cheia de vida.
Antes mesmo das rezas, o nome "Julia" já havia sido escolhido pelo meu pai, que o fez em forma de homenagem à pessoa em questão. Homenagem essa que, inclusive, sobreviveria ao tempo.
Cresci ouvindo histórias e contos de fadas, e tendo comigo a certeza de alguém seguindo efetivamente os meus passos, me cuidando e preservando como sendo de seu próprio sangue. Tanto fez por mim, que no auge das minhas adversidades, amorteceu todas as quedas e curou com maestria à todas as feridas, me deixando livre de qualquer trauma.
Fez por mim, o que nem o meu próprio sangue ousou fazer.
E hoje eu sei, que dentro de mim, quase tudo pertence a ela.
A foto continua estampada no mural daquele espaço que ganhei em sua vida. Sua casa, ainda tem o seu cheiro e só a espera retornar para que tudo se renove uma vez mais.
Minhas mãos ainda estão aqui, loucas pra oferecer a ela aquele abraço leve e bom que a deixa tão sem jeito. E hoje estou aqui, oferecendo também as mesmas preces que me salvaram a vida no início disso tudo.
Reage. Retorna. Luta. Fica comigo.
Que sem você eu sou uma neta perdida. E só você pode me dar esse colo.
Antes mesmo das rezas, o nome "Julia" já havia sido escolhido pelo meu pai, que o fez em forma de homenagem à pessoa em questão. Homenagem essa que, inclusive, sobreviveria ao tempo.
Cresci ouvindo histórias e contos de fadas, e tendo comigo a certeza de alguém seguindo efetivamente os meus passos, me cuidando e preservando como sendo de seu próprio sangue. Tanto fez por mim, que no auge das minhas adversidades, amorteceu todas as quedas e curou com maestria à todas as feridas, me deixando livre de qualquer trauma.
Fez por mim, o que nem o meu próprio sangue ousou fazer.
E hoje eu sei, que dentro de mim, quase tudo pertence a ela.
A foto continua estampada no mural daquele espaço que ganhei em sua vida. Sua casa, ainda tem o seu cheiro e só a espera retornar para que tudo se renove uma vez mais.
Minhas mãos ainda estão aqui, loucas pra oferecer a ela aquele abraço leve e bom que a deixa tão sem jeito. E hoje estou aqui, oferecendo também as mesmas preces que me salvaram a vida no início disso tudo.
Reage. Retorna. Luta. Fica comigo.
Que sem você eu sou uma neta perdida. E só você pode me dar esse colo.
Assinar:
Postagens (Atom)