Olhei para o relógio inúmeras vezes no mesmo minuto. Em seguida, olhei fixamente para o painel do carro e para o aplicativo, que entregava em quanto exatamente eu chegaria.
Os dois minutos que me separavam do meu destino final pareciam uma pequena eternidade. Junto dela, a incerteza que pairava sobre mim, já que eu não sabia se te encontraria ali.
Quando cheguei, seu rosto foi o primeiro de tantos que eu avistei e mesmo antes de entrar, senti meu coração acelerando.
Você me olhou e sorriu.
Sorriu com os olhos, como se de alguma forma a minha presença representasse muito. E, logo em seguida me abraçou.
Seus olhos me acompanhavam e me seguia nos momentos em que eu conversava com outros de nossos amigos. Nos momentos em que eu te devolvia o mesmo olhar retraído, percebia em mim que ainda existia muita vontade em te dizer tudo o que eu guardava de bom a cada vez que me ocorria você à mente.
Seu cuidado se escondia dentre os seus receios e a sua tão amistosa timidez, e eu só fui compreender um tempo depois que, assim como eu, você se sentia um criança encabulada.
Passei longas horas daquela noite sabendo o motivo pelo qual o meu coração escolheu viver um sentimento como aquele.
Entendi, então, que a melhor parte de amar você era justamente o fato de amar alguém que era uma realidade, não mais uma projeção do meu desejo inconsciente. Você era tudo. Tudo o que poderia ser. E até mais do que eu imaginava que seria.
Não te transformar em uma das minhas tantas figuras imaginativas e transitórias fez o meu sentimento por você parecer assim, tão possível.