Agachamos no chão do banheiro, que era iluminado por uma lâmpada brilhante e colorida, cheia de desenhos que circulavam pelas paredes.
Sentei ao lado de Guilherme, que estava próximo de Rafael, que sentou na frente de Bruna, que estava ao lado de Matheus.
Demos as mãos. E fascinados, fitávamos as cores refletidas no box do cômodo e em cada um dos rostos ali.
No elo - criado por eles muito antes do meu surgimento em suas vidas - só existia a verdade. A falta dela não era parte de nossa atmosfera, de nosso inocente afeto e do porto seguro que construímos juntos, para nos agarrarmos uns aos outros em todas as circunstâncias do que foi - e também de tudo que ainda seria.
Éramos nós. E éramos infinitos.
Beijávamos as mãos uns dos outros, como se o beijo fosse um brinde.
Eu encostava minha cabeça no ombro de Guilherme, que segurava firme a mão de Rafael, que tinha as mãos acalentadas por Bruna, que repousava a cabeça de Matheus em seu colo.
Me lembrava da frase na música de uma antiga banda que eu gostava, onde o intérprete questionava: Se tudo o que eu preciso se parece, por que é que não se junta tudo numa coisa só?
E então, junto das demonstrações nítidas de afeto, veio - uma vez mais - a minha forma mais pura de consciência, de compreender que naquele momento eu atraía tudo o que eu transmitia. A luz colorida do banheiro transformava seu chão em um campo mágico e nossos olhos em pedras claras de luz que refletiam como caleidoscópios.
Desse modo, eu sabia que poderia não ser de fato infinita, mas já estava eternizada na memória ali.
terça-feira, 7 de agosto de 2018
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