A possível futura esposa dele - se não for eu - também odiará.
A irmã mais nova do meu amigo de escola me olha com desdém, me julga e fala para as amigas sobre a vagabunda que eu sou, mesmo que tenha sequer trocado mais de três palavras comigo.
A noiva do melhor amigo de um ex colega também não gosta de mim. Ela faz piadas pelas minhas costas, mas está sempre acompanhando minhas atualizações nos stories do instagram.
A atual ficante do meu amigo de trabalho me trata muito bem. E quando não está na minha presença, faz comentários maldosos a meu respeito. Para ela, meus esforços genuínos por proximidade são nada menos que uma tentativa de roubar dela o seu homem - homem este que eu nunca quis e provavelmente nunca vou querer.
A ex namorada de um amigo me persegue e usa minhas fotos para tentar me comprometer de alguma forma nas redes sociais.
Eu demorei um bom tempo para entender que eu era o pesadelo dessas mulheres. Que eu recebi os títulos de ''vagabunda'', ''vadia'', ''piranha'', ''manipuladora'' - e outros mais - todos, praticamente de graça.
De graça, sim. Eu entendo bem as minhas falhas. As pessoas impactadas por elas, também.
Mas eu sou um espírito livre. E fui em todas as vezes em que meti os pés pelas mãos. Nos beijos que eu talvez não devesse ter dado, nos corações que certamente eu não deveria ter machucado, nos meus caros - e raros - momentos de libertinagem e boemia.
Você, mulher, me odeia porque eu fiz o seu atual homem infeliz um dia. Mas, você deveria me agradecer.
Você, mulher, prega a igualdade entre os gêneros mas não respeita uma semelhante a você. Quando você julga uma outra, você está se julgando também.
Aqui não cabe o seu senso de certo e errado, não vale o argumento ''mas eu sou boa e ela é má''. Aqui não cabe o seu senso de proteção, se você me questiona por ter machucado o seu irmão, quando debaixo dos panos, você o maltrata.
Aqui não cabe o seu ciúme maquiado. E não cabe qualquer justificativa que você crie para fingir que seu problema é mais que apenas insegurança.
Aqui não cabe a sua crítica sobre o caráter de alguém, se você não ofereceu a si mesma a chance de conhecer o outro lado da história.
Para você, mulher, que se permite, que quebra paradigmas e tabus: meus parabéns, você é lamentavelmente uma exceção em relação a todas essas outras que eu considero regras.
Eu não sou sua inimiga. E se você, mulher, notou isso, além de parabenizá-la, eu serei grata.
Porque, para ser bem sincera, chega a ser um pouco difícil viver nesse mundo de convicções fabricadas, onde o julgamento é mascarado de ''opinião'' e a falta de respeito toma certos comentários que envolvem o meu nome.