THERE'S NOTHING YOU CAN MAKE THAT CAN'T BE MADE.

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sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Talento nato

Tive a ilusão de que tudo, de certa maneira, poderia ser tão igual às coisas que nunca foram exatamente movidas pela criatividade do ser.
Me lembro dos momentos em que era uma infanto-juvenil, presa em papéis e palavras escritas como tudo o que eu acreditava ser sincero e real apenas na minha imaginação de menina que sonha.
Na época, até então, nenhum dos meus amigos vestiam blusas listradas ou se expressavam através de músicas antigas. Essa era apenas a minha visão de mundo, que ao longo se tornara um breve motivo de deboche àqueles que jamais entenderiam.
Tantas eram as noites onde eu me transportava ao mundo antigo, como nos momentos em que inventava minhas próprias brincadeiras solitárias, acreditando que num universo paralelo existiria algo que os outros não sabiam ver.

Eu sorria em crer ser a filha ilegítima de John, ou a afilhada prodígia de Paul.
E em alguns outros momentos, eu me tornara a amante de um deles, ou apenas a garota que ressurgia no tempo pra tentar ao menos salvar a vida de um dos maiores gênios que a história da música pôde ter.
Com as tantas mudanças presentes nas reações das pessoas, eu conheci de perto a filosofia da minha vida, que era usada como ‘’status’’ para aqueles que nunca compreenderiam tão bem quanto eu.
Mesmo desiludida com as circunstâncias, eu pude olhar através de quem se permitia ver o mesmo que me movia.

Os garotos surgiram de uma ilusão. Eu os admirava, não só bela beleza, mas por agirem como nos meus sonhos de pura inconseqüência. Me tomava por um enorme desejo em torná-los o que seus ídolos significavam aos meus olhos.
Seguiam seus próprios conceitos, e através das tantas luzes dos fins de noite eu era capaz de enxergar o brilho de um talento tão único quanto cada um deles, que pra mim, desde sempre, se assemelhava ao dos novos garotos de Liverpool.
Não ousaria palpitar um desfeche exato, mas creio que certas crenças sobrevivem ao tempo.

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Méritos ao salvador do dia

Não saberia me desprender facilmente de todo o vazio que senti ao te ver indo embora, como mais uma das minhas tantas ilusões. Me anextesiava às lembranças menos vagas, enquanto deixava a força emocional de lado para lamentar outro surto de medo.
Teu cheiro, tua boca e todos os teus sentidos me seguiam fielmente ao longo do dia. Eu não poderia exigir que alguém de tão pouca paciência viesse entender minha agonia, então apenas cantei. Cantei canções que se impregnaram na minha memória ao tempo de sentir o vento batendo em meus lábios secos.

De fato, eu nunca pude enfrentar os meus tormentos de consciência com total maturidade e sabia que só haveria um lugar à ir para tornar o dia menos frustrante.
Meu pai tinha pressa e por tal razão não me deixou em frente à casa onde eu passaria o resto das minhas horas imprevisíveis. Alguém dormia, mas não teria como me enganar...eu reconheceria aqueles cabelos em qualquer outro lugar.
Renato logo escutou minha voz ao ouvir a exacerbação da mãe em me ver. Acordou sorrindo. Levantou, e eu me esqueci de abraçá-lo, e mesmo que o tenha feito não me recordo.
Em palavras molhadas eu cuspia toda a minha insegurança, contando cada momento crítico vivído até então. Renato me fitava, agindo indiferente à situação e eu me senti grata por isso. Sempre procurava alguma maneira de demonstrar o tanto de excentricismo que me dominava e logo o culpava por qualquer erro, já há muito perdoado. Colocava nele a responsabilidade em relação à mim e aos momentos onde ele se manteve ausente.
Quando me cansara de repetir as mesmas frases e injúrias, milagrosamente senti o apoio dele, e a intercessão sobre você só fez com que me sentisse ainda mais presa ao nosso amor; esse amor que ele apenas assistia.

Não bebemos, não fumamos, não cantamos, nem tão pouco dançamos; apenas escolhemos as canções certas para o fundo de nossas conversas construtivas. Sempre me exedo ao chorar, e então me cobri em meio ao sofá e tapei o rosto com as mãos para me recordar melhor das tuas feições e teu jeito em lidar comigo.
A música alta não me impediu que te encontrasse num sonho que não pareceu durar mais que cinco minutos; quando na verdade havia se estendido por questão de horas, até que escurecesse.
Por rápidos segundos ouví uma voz chamando por mim. Braços me abraçaram levemente e em um determinado momento tive a ligeira sensação de que fosse teu corpo se recostando sobre as minhas costas. Num pequeno surto devolta à realidade notei que aquilo nada mais era que uma peça um tanto cruel criada pela minha mente.
Olhei pelas paredes escritas e coloridas; e o sorriso que me fitava ingenuamente não era o teu. Renato me tratava de tal forma, que tanto carinho me assustou e me perguntei se ele ainda era o mesmo garoto cético e gelado.

Renato me lembrara do horário do remédio. Ele se arrumava calmamente e ainda me fitava sorridente. Nunca me imaginaria dormindo naquele sofá ao som de canções libertinas; e isso pareceu satisfazê-lo.
Poderia jurar que senti exatamente tuas mãos emmeu rosto naquela tarde perturbada que não me permitia te esquecer. Caminhamos em direção oposta à minha antiga casa. Eu me protegia do sereno no casaco jeans do meu melhor amigo, que se despediu rapidamentede mim, me deixando seguir até que meu pensamentos queimassem de tanto relembrar você.