THERE'S NOTHING YOU CAN MAKE THAT CAN'T BE MADE.

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sexta-feira, 16 de fevereiro de 2018

Compunção

Achei teu poema na minha caixa de segredos.
Tua letra torta em inglês, expressando uma tentativa nada falha de me fazer rir.
Poema simples, escrito em folha de caderno com pauta azul. E junto dele, a falta de uma carta escrita a mão, que eu me arrependo de ter rasgado por raiva.
Me arrependo, sim. Tanto quanto me arrependo do teu sofrimento, da tua dor explícita e agora distante. Me arrependo, sim. Da minha falta de apoio no teu momento de descoberta, da minha falta de empatia na tua agonia. Me arrependo de não ter sido justa com teu novo sentimento, pelo teu novo amor.
Quando, na verdade, eu poderia ter pensado um pouco menos em mim. Eu era burra. Um pouco mais do que sou hoje, talvez porque o meu eu de agora me permita eliminar parte dessa estupidez que parece estar entranhada em mim.
Me arrependo em não poder rir as tuas alegrias. Em não poder partilhar as tuas conquistas.
Me arrependo em sentir que não te ensinei nada válido pra essa tua nova vida.
Me arrependo de todas as músicas que eu nunca mais vou ouvir sem sentir falta do teu jeito sisudo. Me arrependo em ter forçado o teu choro.
E me arrependo de não poder te conhecer outra vez, nessa vida. De ter que esperar uma outra pra resolver as pendências que ficaram pelo caminho. Pra poder ter o teu perdão. E pra poder te dizer que eu me arrependo.

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