THERE'S NOTHING YOU CAN MAKE THAT CAN'T BE MADE.

THERE'S NOTHING YOU CAN MAKE THAT CAN'T BE MADE.

sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Um par de esmeraldas

Era clara, meiga, encantadora. Mas de certo, o que muito me chamava a atenção, era aquele par de esmeraldas dos olhos, que iluminavam e reluziam qualquer coisa ao seu redor. Carregavam a sorte do mundo e o desprezo por todo o resto. Lacrimejavam a felicidade crua e instantânea. O par de esmeraldas mais caras e raras de toda a história. O verde mais bonito de todas as obras de arte. Obra de arte era ela, por completo. E aquelas eram as esmeraldas mais bonitas de se ver, ou até mesmo, de se ter. Ela era só a minha jóia, o meu pingente. Pingente esse que eu adorava carregar no peito.

quinta-feira, 25 de julho de 2013

Breve apelo à sua cafajestia inexistente

Você me facilitaria a vida se fosse menos coerente. Se fosse como todos esses outros que brincam, fogem, mentem, somem. Mas, por qualquer razão que eu desconheço, você não é. Você dificulta meu trabalho de ser a problemática da relação, ameniza as dores, cura os cortes e fecha por completo as cicatrizes. Você torna cada vez mais árdua a minha tarefa de ser sempre tão inconstante e procurar motivos e explicações plausíveis pra tudo. Você sempre argumenta, e sempre me tira qualquer outro argumento – sem fundamento - já tão gasto e desnecessário. Você me facilitaria a vida se fosse um tanto mais inseguro, um pouco menos são e muito menos prático. Você me facilitaria a vida se fosse tão ogro quanto diz, tão despreocupado quanto aparenta, tão cretino quanto todos gostariam que fosse. Mas você não é. E não me deixa sentir a menor vontade de desistir de você e de todo esse amor que se expande e se torna notório a cada um que avalia de fora. "O teu amor por mim só te glorifica, só te faz bonito. E eu? Eu? Eu sou o teu orgulho. Eu sou o teu desfile nas ruas. Eu sou você de vestido. Shhhh... faz silêncio. Ouve a minha loucura (...)"

quinta-feira, 11 de julho de 2013

Sobre a conveniência alheia

Já gostei – ou julguei gostar – inúmeras vezes, de pessoas variadas. Mas também já injusticei e já me senti injustiçada. Já menti pra não magoar, me queixei ao invés de brigar, reclamei ao invés de ajudar e critiquei quando me senti no ápice ilusório da razão iminente. Mas o que me surpreende – e muito – até hoje, é a simples proximidade por mera conveniência. Desculpe-me se pareço ingenuamente injusta – mais uma vez – mas não sou adepta de quem vende a alma por um pouco mais de popularidade e afeto fabricado. Não sou fã – tampouco me pareço – com estes outros tantos que entregam a dignidade por um copo de cerveja barata, para alguém de quem não gostam ou com quem pouco se parecem. E a cada vez que descubro algo do gênero, percebo que essa proximidade por conveniência está ao meu redor: dos lados, em volta, acima e abaixo de mim. E, infelizmente, se pode fugir dela ou ignorar que pessoas caiam constantemente em conceitos por agirem exatamente assim. E veja só, aqui estou eu, julgando e criticando – mais uma vez, sem o menor pudor. O mesmo pudor que falta em alguns dos indivíduos em questão. O pudor que falta na mesma proporção em que se abstém a falta de caráter ou de amor próprio. É uma pena julgá-los, outra vez. É uma pena que ainda saiba fazê-lo, que ainda me sinta obrigada a fazê-lo; especialmente quando minha única vontade é dedicar esse texto a todos os ‘convenientemente aproximados’ de plantão. Aqueles que se satisfazem em encher a boca de futilidades para falar absurdos tremendos de pessoas com quem vão combinar a cerveja do sábado, mais tarde.

segunda-feira, 3 de junho de 2013

Amor e só

Aprendi a amar muito antes que pudessem inventar o amor. Porque a verdade é que esse amor literário, esse amor perdido e desesperado, não se parece em nada com o amor que eu sinto desde que me entendo por gente. Desse amor engarrafável e mutável, eu não entendo muito. Eu não entendo nada. Amor, na época em que comecei a viver de fato, era mais que uma palavra, mais que uma noite, mais que um gole de vinho ou uma música lenta. Amor costumava ser um tipo estupidamente bom de entorpecente. O amor era a flor amarela que eu colhia no jardim perto da casa da minha avó de criação. O amor era a maçã que minha tia colocava na mochila da pré-escola, o amor era as lágrimas do meu pai – homem que nunca chora – se dissolvendo na tristeza de ver minha mãe já tão emocionalmente adoecida até então. O amor era o sorriso dos estranhos na rua, era o meu primeiro disco dos Beatles, era a sorte me perseguindo pra que eu não tivesse tantos arranhões de tombos no asfalto. O amor era o doce surpresa depois do jantar, era a langerie que minha mãe sempre guardou, era a fantasia que eu criava nas brincadeiras imaginárias que protagonizaram o lado bom da minha infância. O amor era perder o equilíbrio com o ‘bom dia’ do garotinho estranho e mimado do colégio. Era voar nos lençóis da cama, era mergulhar no banho quente. Na minha época, o amor era muito mais que um desesperado e frenético ‘eu te amo’. O amor era mais bonito que o céu de baunilha em Vanilla Sky. O amor era mais nobre que uma letra de música numa foto de casal. O amor era doce, intenso, puro, e tão leve. O amor era tudo e sem ele quase nada restava. Hoje, o amor toma outras proporções. O amor é passível de venda, de fracasso, de mentira, de argumentações. O amor nos dias de hoje não se parece muito com amor. Não se parece nada. E o amor de antes, aquele simples e bom... esse é banalizado por quem não o entende, e admirado por quem ainda crê.

quarta-feira, 20 de março de 2013

Auto análise de um coração completo

Há alguns dias que analiso minha vida: pensar em tudo o que fui, em tudo que sou, em tudo que poderia ter sido e em tudo que eu ainda quero ser. Obviamente, distinguir essas tantas coisas poderia parecer uma árdua tarefa, diante das milhares de circunstâncias que me trouxeram até aqui. Mas, mais ainda que justificar, eu me sinto na obrigação de admitir – e assumir – que não me arrependo de absolutamente nada pelo que passei. As minhas tantas decisões – certas, e extremamente equivocadas – me trouxeram exatamente onde estou. E aqui, é onde pretendo ficar. Me escondi, fingi, resisti e menti. E quando dei por mim, já estava envolvida demais pra simplesmente voltar atrás e esquecer. Não tenho medo de demonstrar isso, sequer penso que posso ofender ou ser questionada. Afinal, quantos "amores" já tive na vida, não é mesmo? Quantas e quantas vezes fui capaz de colocar e tirar alianças do dedo. Mas, nas inúmeras vezes em que fui capaz de me dizer brevemente "apaixonada" por alguém, nunca desejei tanto o bem quanto desejo agora. Nunca desejei ser tão feliz quanto desejo agora e isso nunca esteve tão obvio pra mim. Com os mais sinceros gestos, olhares, e as mais bonitas palavras, me vi num mundo colorido que unia meu sonho de criança a um anseio de mulher. E como num passe de mágica, tudo pareceu mais fácil, mas digno e muito mais humano. Deixar que o destino escolha quem vai entrar em sua vida, mas permitir através de si mesmo quem afinal vai permanecer. Deixar que o mundo se molde à sua maneira. Sorrir à toa, dançar na chuva – quando ela vem. E ter alguém que te segura, quando o peito incha e a dor adormece o corpo. É sentir que algo te faz cair, e existe a opção de se segurar - dessa vez, firme – em quem vai escolher estar ali por todo tempo. Há alguns dias que analiso como um todo, enfatizo e não hesito: eu encontrei quando não quis mais procurar. Essa é a única verdade.

sexta-feira, 8 de março de 2013

Pulsar

Foi apenas um sorriso. O primeiro sorriso; que fez meu mundo mudar e girar, girar e girar. Apenas retribui o sorriso, e nunca mais dormi em paz, desde então. E há tempos não me sentia tão feliz e de certo, completa. Feliz talvez por ser eu mesma e encontrar quem aceitasse isso com todos os defeitos que pareciam não importar. Feliz por me afeiçoar a alguém que se mostrara ainda mais encantador que eu. E a felicidade trouxe a vertigem. A mesma vertigem da primeira vez em que escalei o tecido com a força dos meus braços e pernas. E ainda me lembro de me ouvir repetir à mim mesma: "feche os olhos e solte os braços, se cair, não vai doer". E eu nunca cai. Eu nunca me permiti perder a força. Apenas aprendi que deveria seguir em linha reta, enquanto meu coração pulsava pelo amor e pela fobia. E pulsa agora da mesma maneira. - "Acho que gosto de testar você às vezes. Continuo achando que se as coisas ficarem muito difíceis, você vai desistir de mim. Mas você nunca desiste."

sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Encantamento

Eu o analisei de longe. Olhei-o como se já o conhecesse, sem nem sequer tê-lo visto antes. Talvez o tivesse imaginado em qualquer um dos meus devaneios loucos de menina que sonha. Enfim, lá estava ele. Um garoto alto e sorridente, com feições distintas e perfeitas. Permaneci sentada exatamente onde eu estava, sem nem sequer ter coragem de olhá-lo. Ele parecia ligeiramente distraído e tão despreocupado que mal pareceu me notar. As melodias contidas na área interna do estúdio não conseguiam desviar minha atenção e eu continuava a achá-lo lindo. Ousadia seria me aproximar dele tanto quanto me aproximei, e mais ainda, chamar sua atenção enquanto eu improvisava uma famosa música dos anos 90. Ao se despedir de mim, ele sorriu. Um sorriso que eu nunca havia visto antes, em mais ninguém. Foi singelo, apenas. Isso me bastou para ter minha primeira noite mal-dormida. Eu sinceramente não esperava que outras noites mal-dormidas viriam, até que eu fosse capaz de admitir que o queria pra mim.

terça-feira, 8 de janeiro de 2013

''Quem é esse homem tão lindo que vem andando na minha direção, me olhando e sorrindo como se já me conhecesse? Mas ele não me conhece, eu não conheço ele, no entanto ele é alguém que eu já vi quando eu pensava que eu queria ver alguém que eu não conhecesse mas que fosse tão lindo como ele que vem andando agora na minha direção, me olhando e sorrindo como se já me conhecesse.''